31 julho 2008

Que trabalheira do outro mundo!

Agora estou passando pelo mal necessário de se montar aviação alemã da Primeira Guerra Mundial, os aviões mais charmosos (além do A4 Skyhawk) e coloridos que existem: estaiamento (para quem não sabe, é aquela montoeira de cabos que vai entre as asas e as estruturas dos aviões).

Antes de abandonar temporariamente o modelismo, eu só tinha feito estaiamento em Fokker Dr.I e Fokker D.VII, que têm muito menos cabos -- principalmente não têm aqueles longos cabos que vão da fuselagem até as estruturas que unem as pontas das asas. Quando eu montava Albatros e Pfalz, deixava o estaiamento de lado.

Mas agora, que pretendo evoluir um pouco como modelista, estou tentando passar cabo no máximo possível de lugares. No Dr.I do Lothar von Richthofen, por exemplo, resolvi fazer a rede de cabos que existe na área da cauda (isso eu nunca tinha feito também). Deu uma trabalheira, mas saiu legal.

E, como vocês sabem, estou montando um Albatros e um Pfalz. Ou seja, mais cedo ou mais tarde eu teria de partir para os cabos longos. Como hoje eu concluí uma etapa importante do Albatros -- juntei a asa superior ao resto do conjunto --, foi por ele que eu comecei. Mas apenas do lado esquerdo. Vejam como ficou:



Até agora foram seis cabos. Do lado esquerdo ainda faltam dois, que vão da estrutura externa até a parte da frente da fuselagem.

E por que não fiz nada do lado direito? Bom, porque o kit da Revell é tão ruim que eu tive que cortar fora a ponta do exaustor (ou sei lá como se chama isso) pois ele simplesmente impedia o encaixe de uma estrutura na fuselagem! Encurtei um pouco a parte que foi cortada fora, e colei de volta, agora sem problemas de duas peças quererem ocupar o mesmo lugar no espaço. Mas depois precisarei repintar essa parte, e ver se o encaixe não ficou muito tosco. Coloquei Super Bonder para preencher os buracos, mas só terei certeza do resultado depois que passar a tinta.

Acho que, depois que eu finalizar esse trio de kits, vou montar algo que não tenha estaiamento, como um Junkers D.I, ou que não tenha cabane struts, como um Roland C.II.

30 julho 2008

Algumas fotos do Dr.I ainda não terminado

Hoje consegui trabalhar bastante no Dr.I do Lothar von Richthofen. De manhã, terminei de pintar e envernizar todas as estruturas; à noite, hora de fazer o estaiamento da cauda (deu um nervoso, mas no fim eu prevaleci contra os minúsculos pedaços de fio metálico), colocar a asa superior e encaixar tudo. Vejam algumas fotos de como estava:





E, agora, como um triplano de verdade. Ainda faltam o trem de pouso, a hélice e as estruturas que vão na cauda:




Apesar de ser kit da Eduard, que praticamente se monta sozinho, tive uns probleminhas com as cabane struts, que não queriam encaixar direito. Em alguns pontos acho que vou ter que lixar, pintar e envernizar de novo, pois tive que forçar tanto com a pinça que ficaram marcas.

Eu quero! Eu quero!

Cintos de segurança em photo-etch da Eduard para aviões alemães! Foram lançados há pouco mais de duas semanas:

Para descontrair

Achei no site do GPC -- vocês precisarão clicar nele para ver com detalhe. Cristina, juro que não vai chegar a esse ponto.

Editado: perguntei ao meu amigo Diego e ele me disse que o autor é o genial Quino, criador da Mafalda. De fato o traço me pareceu familiar, mas como não havia nenhuma assinatura não tinha como dar 100% de certeza.

26 julho 2008

Hoje chegou mais coisa

E das boas. Uma fonte imprescindível para quem quer montar WWI, não quer se limitar às sugestões de pintura dos próprios kits, mas não tem como comprar um montoeira de livros da Osprey ou Datafiles da Albatros Publications.

O Bob Pearson, lá do Canadá, já há muito tempo faz profiles de aviões da Primeira Guerra. Primeiro em aquarela, depois no computador. Um dia ele resolveu juntar toda a pesquisa dele em um CD-Rom, que eu comprei lá em 2002. Ano passado ele lançou uma versão nova, que eu recebi hoje.

Aqui vocês podem ter uma prévia do trabalho dele.

O que o CD-Rom dessa versão tem a mais que a anterior? É verdade que ainda sobraram muitos perfis em aquarela, nem todos foram substituídos pela versão em computador. Mas agora há mais perfis, inclusive vários que já me chamaram imediatamente a atenção e devem entrar para minha lista de kits a montar; alguns (poucos) perfis ganharam vista de cima também; e existe agora uma ferramenta de busca por tipo de avião. Antigamente os perfis eram agrupados apenas por unidade, agora também dá pra buscar, por exemplo, todos os Camels, todos os triplanos Fokker, todos os Nieuport 17...

Para quem quiser comprar um CD-Rom, basta mandar um e-mail pro Bob. Custa US$ 50 (e para os compradores, as próximas versões saem por metade do preço) e ele aceita PayPal.

O meu CD antigo? Tarde demais: foi para o Franklin, em troca de alguns kits!

Mais uma tentativa com Spandaus

Agora usando o set da Eduard (o antigo, acho que é da década de 90 -- as Spandaus novas da Eduard são diferentes), para o triplano do Lothar von Richthofen. Foi mais complicado que as metralhadoras da Fotocut, e acho que exagerei um pouco no Super Bonder. Mas o set da Eduard tem detalhes que a Fotocut não tem (acho que por isso é mais difícil de montar). Só não usei as balas, porque aí realmente seria demais pra minha capacidade.



Como vocês podem ver, isso é ainda antes da pintura. Estou numa séria dúvida se uso de novo o spray da Tamiya, ou se tento pintar, muito delicadamente, com pincel mesmo, usando o Gunmetal da Humbrol.

25 julho 2008

Agora que o governo abriu as pernas pros carteiros...

... as encomendas começam a chegar. Essa veio no começo da semana:



É o Mini-Datafile sobre as metralhadoras Spandau, e mais um estoque de Spandau em photo-etch que dá pra alguns meses... são três pares da Eduard e outros três da Copper State Models. A Roll Models, onde eu encomendei, não tinha Fotocut.

Ainda veio uma dupla de F-18 em 1/144 da Dragon.

Pior foi o que não veio pois estava em falta: três triplanos da Eduard... quando eu terminar o Lothar von Richthofen estarei oficialmente sem Dr.I da Eduard versão simples (profipack ainda tenho).

23 julho 2008

Nem precisei pesquisar muito...

... para descobrir que um PWS-26 não é avião de Primeira Guerra Mundial. Pelo contrário, é da Segunda Guerra Mundial!



Artigo da Wikipedia sobre o avião

Mas o Marcelo Paixão, do CBAP, já me explicou o que ocorreu. Se vocês olharem de novo aquela foto que publiquei mais abaixo, com um monte de aviões de Primeira Guerra, perceberão fichas azuis e brancas. As azuis eram de kits dos próprios membros do CBAP, que estavam apenas em exposição, sem participar do concurso. Só concorriam os kits de ficha branca. E, como havia poucos kits WWI em competição (4), e um biplano "avulso", justamente o PWS-26 (considerado pelos juízes como sendo avião de entreguerras, e não de WWII), os juízes resolveram agrupar os cinco modelos em uma única categoria.

Um sweep no CBAP

Colocaram na Webkits a lista dos vencedores do concurso do CBAP, que eu mencionei alguns posts abaixo, por causa da grande quantidade de kits WWI na mesa. E, na categoria de Primeira Guerra 1/72, o Hamilton Colas, de Praia Grande, levou todos os prêmios, respectivamente com o RE8, com o Hannover e com um PWS-26 (esse eu não conheço, vou pesquisar a respeito).

E vocês, já se inscreveram pra Campinas?

21 julho 2008

Open GPC -- começaram as inscrições

Vamos lá, minha gente! As inscrições para o Open GPC estão abertas, e não vamos nos esquecer de que WWI é a categoria especial de aviação este ano. Para pré-inscrever seus kits, basta clicar aqui e seguir as instruções. Eu já passei as informações de 4 kits que pretendo levar.

19 julho 2008

Em busca do detalhe máximo

Se vocês viram o Albatros D.III do Ernst Hess mais abaixo, perceberam meu comentário sobre as metralhadoras Spandau em photo-etch. Como primeira experiência, valeu. Mas agora, com outros kits na bancada, resolvi investir mais nesse detalhamento. E escolhi como a primeira cobaia o Pfalz D.IIIa do Berthold. As metralhadoras que vieram no kit da Roden foram descartadas -- vão enfeitar o Albatros D.III do Tutschek que estou montando, já que as metralhadoras da Revell são um desastre.

Escolhi, para o Pfalz, o set de Spandaus da Fotocut. São poucas peças, o que torna a montagem menos complicada. Usei, em cada metralhadora, três camadas de folha de estireno. Depois disso, foi só enrolar a gun jacket, colocar as miras, colar as pecinhas adicionais (como a alavanca que o piloto puxava para desemperrar a arma), e o toque final: agulha de injeção, a mais fina que encontrei na farmácia.

Para a pintura, achei que pintar com pincel poderia comprometer os detalhes. Então comprei uma lata de spray Gunmetal da Tamiya. O resultado final você vê agora. É incrível como a câmera digital revela coisas (boas e ruins) que a olho nu você nem percebe...



Em breve as metralhadoras serão colocadas na fuselagem, e mostrarei a vocês como ficou.

17 julho 2008

Uma foto muito animadora no Webkits

O Clube Beneficente Amigos do Plastimodelismo, da Baixada Santista, realizou seu evento no fim de semana passado. Ao longo da semana andaram colocando algumas fotos, e só hoje eu vi essa:



São nada menos que 16 kits de Primeira Guerra! Do lado alemão, eu reconheço um Fokker Dr.I, um Hannover, um Roland C.II e um Fokker D.VII. O resto parece ser tudo de aliados, que não conheço tão bem, mas acho que tem pelo menos um Camel, um Nieuport, um Spad VII, e acho que tem um RE8. Aquele hidroavião lá no fundo eu não tenho idéia do que seja.

Fico felicíssimo de ver essa foto, pois acho que, em todas as exposições das quais participei, nunca havia visto mais que meia dúzia de modelos na categoria WWI. É bom ver que a aviação da Primeira Guerra está se popularizando!

Preparem os seus kits WWI!

Na segunda-feira começam as pré-inscrições para o 13.º Open GPC de Modelismo, um dos principais eventos do país (e o primeiro do qual participei, há muito, muito tempo, levando aquele D.VII do Berthold que nem verniz brilhante tinha).



E o melhor de tudo: a categoria especial de aviação, sabem qual é? Primeira Guerra Mundial!

A página do evento está aqui.

Eu pretendo levar 4 kits: os atualmente na bancada e o D.VII do Besser. E vocês, escassos leitores?

16 julho 2008

Garanto que nunca ninguém levou tanto tempo para terminar um kit

Quando me mudei para Curitiba, em julho de 2004, deixei inacabados alguns kits. Um deles já estava bem encaminhado: um Fokker D.VII da Roden, com fuselagem pintada, decais no lugar, asa superior já unida ao conjunto, faltando só as estruturas do meio e o trem de pouso. Então, quando eu resolvi que ia voltar ao modelismo, durante minhas últimas férias, em maio desse ano, nada melhor que finalizar o kit que já estava quase pronto.

O Fokker D.VII fez tanto sucesso com os responsáveis pela força aérea do Kaiser que apenas a fábrica da Fokker não daria conta de todas as encomendas. Então recorreu-se à Albatros e à Ostdeutsche Albatros Werke (OAW), uma subsidiária da Albatros. Isso resultou em uma grande variedade de modelos de Fokker D.VII, identificáveis principalmente pelos painéis laterais da parte da frente da fuselagem.

A Roden lançou uma linha com praticamente todas as versões de D.VII produzidas durante a guerra. Felizmente os ucranianos não resolveram fazer com os D.VII a burrada que tinham feito com os Pfalz D.III e D.IIIa. Eles passaram a injetar duas grades com todas as peças que havia em comum com todos os modelos de D.VII, e outras grades menores, com a fuselagem toda em duas metades, como deve ser.

O kit que montei foi um Fokker D.VII das séries iniciais de produção da OAW. Entre as opções de pintura estava a do Ltn. Hans Besser, do Jasta 12. Como vocês devem ter lido lá embaixo, eu resolvi montar vários aviões do Jagdgeschwader II, conhecido pelas fuselagens azuis, com a frente em cor que variava de acordo com o esquadrão (branco para o Jasta 12, verde para o Jasta 13, vermelho para o Jasta 15 e amarelo para o Jasta 19), então o Besser calhava bem.

Digamos que o kit da Roden não é ruim, muito pelo contrário. Mas tem um ou outro problema. Eu, por exemplo, tive de cortar parte da raiz das asas inferiores, dos dois lados. A peça simplesmente não encaixava na fuselagem, tinha plástico demais.

Mas eu agora posso afirmar com convicção que detesto asas inteiramente em lozenge. Os decais da Roden são bons, mas cobrir com decal uma área enorme é muito estressante. Nas pontas das asas o decal quebrou várias vezes. Haja Micro-Set, Micro-Sol e Future pra deixar tudo no lugar (inclusive as fitas azuis).

E, falando em decal, um dos maiores sufocos que já passei como modelista ocorreu com esse kit. Imagine o decal de vassoura (agora não lembro se do lado direito ou esquerdo) se quebrando em uns oito ou nove pedacinhos... imagine o meu trabalho de "pescar" cada um deles do pires com água e colocando tudo em cima do kit, encaixando os pedaços para conseguir uma linha branca contínua... mas foi uma história com final feliz.

Ah, sim, sobre o Hans Besser, bem, não achei na Internet nenhuma informação sobre ele. Não sei quantos aviões abateu, se sobreviveu à guerra, nada. Talvez quando eu comprar o livro da Osprey sobre o JG II eu descubra algo. Mas parece que besser é vassoura em alemão, daí a insígnia pessoal do piloto.

Vejam, então, as fotos desse kit que começou a ser montado em 2004 e só foi terminado em 2008. O estaiamento é com fio metálico Ethicon .004". O único acréscimo que fiz foram os cintos de segurança em photo-etch da Tom's Modelworks. Esse kit ganhou uma medalha de bronze no Open do GPC, em 2008.





15 julho 2008

Algo me diz...

... que Future é pra se aplicar durante o dia, com temperaturas um pouco mais altas.

14 julho 2008

Enredeço novo -- atualizem seus favoritos!

Eu já tinha comentado antes que o endereço do blog era longo porque as alternativas estavam todas tomadas. Mas ontem à noite tive uma epifania e hoje cedo vim ao Blogger mudar a URL do A Grande Guerra nos Céus. Portanto, gente, aquele endereço velho já não vale mais. Anotem aí: agora é www.jastamarcio.blogspot.com

11 julho 2008

O começo de um grande projeto

Quando comecei a acumular material de referência sobre aviões alemães da Primeira Guerra, um esquadrão em especial me chamou a atenção pela beleza: o Jasta 18, com fuselagem branca e vermelha, um corvo como insígnia de esquadrão (menção ao nome do comandante, August Raben - raben é corvo em alemão), e insígnias pessoais para cada piloto. Encontrei depois um pequeno livro apenas sobre o Jasta 18, e decidi que faria todos os aviões conhecidos desse grupo. A maioria deles é de Fokker D.VII, e por isso comecei a comprar todos os D.VII da Revell que apareciam pela frente. Por que Revell e não os novos D.VII da Roden? Porque os kits da Revell eram mais baratos, mais fáceis de achar e mais simples de montar.

Então resolvi fazer o primeiro deles, o do Ltn. Heinz Küstner, não sem antes conseguir uma folha de decais da Blue Rider apenas com o Jasta 18. O Felipe Miranda, da FCM, também fez uma folha de WWI com alguns aviões desse esquadrão; comprei e comecei a montagem, deixando o interior bem simplificado, só acrescentando o assento.

No Fliegertruppe, o livrinho sobre o Jasta 18, apareceu uma foto do Küstner no cockpit de seu avião, com uma pistola junto à asa superior. Recorri ao pessoal da WWI Mailing List e eles me explicaram que era uma pistola para lançar foguetes sinalizadores. Consegui mais informações e peguei um rack de bombas de um Hannover da Airfix. Cortei as aletas, virei de cabeça pra baixo e virou rack de sinalizador. Já a pistola tive que fazer por conta própria, com cartão telefônico e agulha de injeção. Vejam como ficou:




A insígnia individual de Küstner é a estrela de três pontas. Cada piloto do Jasta 18 também podia personalizar a cauda de seu avião. Neste kit usei pela primeira vez o estaiamento com fio de aço Ethicon .005", cortesia do Sanjeev, da WWI Modeling List. Ele é muito mais complicado de lidar que sprue estirado, mas o resultado é infinitamente melhor!







Esse foi o último kit que completei antes de me mudar pra Curitiba; foi em agosto de 2003. Eu me lembro de finalizar o estaiamento horas antes de um concurso de modelismo em São Paulo. O sufoco valeu a pena.
Prata: GPPSD/Comando Militar do Sudeste (São Paulo) 2003, categoria WWI 1/72
Prata: GPC (Campinas) 2003, categoria WWI e Biplanos 1/72

Com esse D.VII eu encerro a "retrospectiva". Nos próximos posts (só quando eu voltar de São José dos Campos, segunda-feira) mostro a vocês o D.VII que eu terminei durante minhas férias de maio de 2008, em meu retorno ao modelismo, e mostro o que ando aprontando atualmente.

A importância do material de referência

Depois do desastre com o D.III do Carl Degelow (veja mais abaixo ou procure na lista de modelos prontos, ao lado), voltei a montar um Pfalz em 2003. Dessa vez, um modelo D.III, também da Roden, que completei em maio. O kit foi montado totalmente out of the box, e você pode ver aqui um exemplo daquela situação que eu descrevi quando falei do D.IIIa do Degelow: a fuselagem que a Roden, para economizar, dividiu em três partes:



Escolhi o D.III do Ltn. Alois Heldmann, que passou toda a sua carreira de piloto de caça na Primeira Guerra no Jasta 10. Ele era estudante de Engenharia e tinha 19 anos quando se alistou. Obteve 15 vitórias e sobreviveu à guerra. Depois do armistício, voltou para a engenharia e se alistou na Luftwaffe, onde chegou a coronel, em 1933. Libertado pelos Aliados em 1946, Heldmann morreu na década de 80.

O problema é que as instruções de pintura que vinham no kit da Roden estavam todas erradas... primeiro que, onde as instruções pediam azul, era pra usar o mauve, uma cor meio roxa. Depois, o posicionamento das cores no manual estava invertido. Com a ajuda de mais um perfil do Bob Pearson, consegui fazer a pintura correta.






Nessa última foto dá pra ver uma das principais diferenças entre o Pfalz D.III e o D.IIIa -- as metralhadoras posicionadas dentro da fuselagem do D.III.

A qualidade vai aumentando...

Como eu posso definir? Digamos que, depois que você montar um triplano Fokker da Eduard, nunca mais vai querer experimentar outra marca de Dr.I. Sério, o kit se monta sozinho, o alinhamento é perfeito, as estruturas externas das asas vêm em uma peça só que vai de alto a baixo... mesmo para quem fizer puramente out of the box, o interior é suficientemente detalhado. A Eduard ainda faz versões de alguns de seus kits chamadas Profipack, com acréscimos em photo-etch que deixam o kit ainda mais perfeito. Até agora nunca montei um Profipack, mas tenho alguns na estante.

Pois bem, para fazer esse triplano da Eduard optei por um esquema de pintura tão (ou mais) simples que o 425/17 do Barão Vermelho: escolhi o 470/17 de Josef Jacobs (há alguma controvérsia sobre o serial deste avião, no entanto). Jacobs foi o maior ás de triplano alemão. Das suas 48 vitórias (empate em 4.º lugar entre os ases alemães), cerca de 30 delas ocorreram enquanto Jacobs voava um de seus Dr.I – mais que Manfred von Richthofen ou Werner Voss. Ele se tornou comandante do Jasta 7 em agosto de 1917, e passou a voar o triplano em fevereiro de 1918. A princípio, o ás expressou algum desapontamento com o novo avião, mas logo o Dr.I subiu em seu conceito. Depois de sua 23.ª vitória, Jacobs ganhou a Blue Max, e sobreviveu à guerra, lutando contra os comunistas em 1919 e trabalhando como instrutor de vôo na Força Aérea da Turquia. Na 2.ª Guerra Mundial, Jacobs serviu na Luftwaffe, mas era anti-nazista convicto, o que lhe arrumou problemas com Hermann Göring. Jacobs morreu em 1978 -– dos aviadores que receberam a Pour le Mérite, foi o último a falecer.

O kit marca várias novidades para mim: foi a primeira vez que substituí o verniz brilhante pela cera de chão norte-americana Future (quem me conseguiu um vidrinho foi o Luiz Claudio, da Webkits); também pela primeira vez usei decais de after-market, no caso uma folha da SuperScale que ganhei da Karen Rychlewski no amigo secreto da lista WWI em 2001; e comecei a usar o kit Micro-Sol e Micro-Set, para ajudar a fixar melhor os decais. O estaiamento ainda foi feito com sprue estirado, mas dessa vez fiz muito mais fino que no outro triplano:



O resultado final, obtido em dezembro de 2002, foi muito bom. Talvez seja o melhor modelo montado por mim até hoje. Mais fotos:







O kit também tem suas medalhinhas:
Ouro: GPPSD/Comando Militar do Sudeste (São Paulo) 2003, categoria WWI 1/72
Bronze: GPPSD 2002, categoria WWI e Biplanos 1/72

Péssima notícia

A Pegasus, fabricante inglesa de kits WWI, está fechando:
Pegasus Models is for sale. If you are interested in buying all the stock, manufacturing equipment, artwork and website etc of this famous English plastic kit manufacturer please contact Chris Gannon direct on 05600 150889 or email chris@pegasusmodels.com An opporunity to get into the manufacturing side of our hobby rarely comes along.
Soube outro dia que, enquanto estive afastado do modelismo, outras empresas também fecharam, como a Sierra Scale e a Rosemont. Não me lembro de ter adquirido nada da Sierra, mas a Rosemont e a Pegasus produziam muita coisa única. É verdade que os preços da Pegasus eram meio salgadinhos (ainda mais por virem em libra esterlina), comparando com lançamentos da Roden e da Eduard, mas quem mais fabrica Rumpler C.IV, Breguet 14, Halberstadt D.II, Albatros C.III?

Ah! Antes que perguntem...

... sobre o endereço longo do blog, aviso que "primeiraguerra", "grandeguerra" e "guerranosceus" não estavam disponíveis. Sobrou o nome completo do blog mesmo. É o preço de chegar tarde.

Agora pelo menos as fotos vão ficando melhores

A partir desse kit vocês vão perceber uma melhora incrível nas fotos. É que a essa altura meu irmão mais novo tinha voltado dos Estados Unidos trazendo uma câmera digital. Até então eu usava minha câmera de filme e passava as fotos depois num scanner.

Não me lembro como, mas caiu na minha mão um Albatros D.III da Esci. Esse Albatros foi um dos aviões mais importantes da guerra para os alemães. Entrou em ação em janeiro de 1917 para substituir os Albatros D.I e D.II. O motor era mais potente, um Mercedes D.IIIa de 175 hp, mas a maior diferença do Albatros D.III em comparação com seus antecessores estava na asa inferior. O novo design adotou a configuração de "sesquiplano" usada nos Nieuport franceses, em que a asa inferior tinha quase a metade da largura da asa superior. Isso aumentava a visibilidade para o piloto. Estruturalmente, a modificação levou ao uso de uma estrutura em "V" entre as asas, em vez das usadas nos Albatros D.I e D.II, e cresceu a possibilidade de uma falha estrutural em pleno vôo -– até o Barão Vermelho passou por isso. Foram construídos 1.350 D.III, e eles formaram a espinha dorsal da aviação alemã até o meio de 1917, quando começaram a chegar os Albatros D.V.

A essa altura, eu já tinha adquirido um item essencial de referência: o CD-Rom do Bob Pearson com centenas de perfis de aviões. Era o que eu precisava para fugir dos esquemas de pintura sugeridos pelos kits, que nem sempre eram meus preferidos. E foi no CD que eu descobri o Albatros D.III serial 2041/16 do Ltn. Ernst Hess.

Hess era do Jasta 28w ("w" de Württenberg) e chegou a um total de 17 vitórias (outros 7 pilotos terminaram a guerra com o mesmo número). Condecorado com a Cruz de Ferro, primeira e segunda classe, e a Ordem da Casa Real de Hohenzollern com Espadas, o ás morreu em dezembro de 1917, quando seu Albatros D.Va do Jasta 19 foi abatido por um avião da Escadrille N96 francesa.

O perfil, no entanto, só mostrava a lateral do avião, e ficou a dúvida sobre como pintar as asas. Dan-San Abbott, um especialista em WWI que escreve no Aerodrome, me esclareceu sobre isso. Como o avião de Hess não tinha nenhuma insígnia pessoal, só as cruzes nas asas, fuselagem e cauda, não tive problema para achar decais. Os do kit já serviam.

Esse Albatros da Esci é bem ruinzinho. Tive que retirar muito plástico de dentro da fuselagem para colocar lá dentro um assento. Mas a grande novidade são as Spandaus em photo-etch da Copper State Models. Para montá-las recebi muitas dicas do próprio Eric Hight (dono da CSM), do Steve Perry e do Diego Fernetti. Como vocês podem ver, saiu um tanto torto, mas para uma primeira experiência até que não está mal. Foi a partir daí que o Agnaldo Tavares passou a achar que eu tinha parafuso a menos. Fazer Spandau em photo-etch em 1/72...



Seguem as dicas de cores para quem quer fazer um igual:
Fuselagem -- Humbrol 147 (Matt Light Grey), Humbrol 63 (Matt Sand) e Humbrol 101 (Matt Mid Green)
Asas -- Humbrol 120 (Matt Light Green), Revell 361 e Revell 381
Cauda -- Humbrol 33 (Matt Black) e Humbrol 24 (Matt Trainer Yellow)






Esse kit ficou pronto em agosto de 2002, a tempo de participar do concurso de Campinas, e também papou algumas medalhinhas:
Prata: Campinas 2002, categoria WWI e Biplanos 1/72
Prata: GPPSD/Comando Militar do Sudeste (São Paulo) 2003, categoria WWI 1/72
Mas acho que o destino dele também será o teto do quarto do Bruno.

O aftermarket entra na minha vida

... só lamento ter desperdiçado peças de resina num kit tão medíocre.

Estou falando do Fokker Dr.I da Revell. O molde antigo, não esse novo que estão vendendo agora. Não me lembro muito bem agora, mas acho que esse foi o primeiro kit de WWI que eu comprei, mas demorei pra montar. Plástico vermelho, que coisa horrível! Mas, bom, o kit trazia as insígnias para o famosíssimo 425/17, o avião em que o Barão Vermelho foi morto, e era o que eu ia fazer, mesmo tendo de pintar tinha vermelha sobre plástico da mesma cor. Pior foi a cauda branca, deve ter precisado de umas quatro demãos pra ficar branca mesmo, e não rosada.

Caças alemães usavam metralhadoras Spandau. Veja uma de verdade:

Como copiar uma coisa dessas, furadinha, em plástico? Não dá. Tem que ser em photo-etch (para os leigos, peças de metal bem fininhas e dobráveis). Mas não é porque é impossível copiar uma Spandau com precisão que os kits precisam vir com umas coisas horrorosas travestidas de metralhadora. Era o caso do kit da Revell. Então comprei um set com 6 Spandaus em resina, da Roseparts (dá pra ver legal em uma das fotos, antes de eu colocar a asa superior). Ficou melhor.

Nesse kit eu experimentei um verniz brilhante da Humbrol que vinha num vidro quadradinho. Uma porcaria. O kit ficou grudento. Para salvar, achei o Humbrol 35, um verniz de latinha.

Também foi a minha primeira experiência com estaiamento (os cabos tão comuns em aviões da época). Fiz com plástico preto, aquecido e estirado. Não ficou tão fininho quanto devia, mas fino o suficiente para uma primeira tentativa. Só não coloquei os cabos na asa superior e na cauda; contentei-me com a área do cockpit e o trem de pouso.







Quem olha o kit com cuidado vai ver que as asas ficaram um pouco desalinhadas. Isso ocorreu porque as estruturas que ligam as asas são separadas. É uma pecinha entre a asa inferior e a do meio, e outra pecinha ligando a asa do meio à de cima. Historicamente é o correto, mas para montar seria muito mais fácil ter apenas uma peça, que fosse de alto a baixo, passando através da asa do meio.

Esse kit ficou pronto em maio de 2002 e também existe até hoje, fazendo companhia ao Roland no teto do quarto do Bruno.

O universo se expande

Quando resolvi começar a montar kit, achava que o mundo era só Airfix e Revell. O contato com o pessoal da WWI Modeling Mailing List me fez descobrir que havia muito, mas muito mais que isso. Entre a infinidade de marcas novas que descobri havia uma ucraniana, chamada Roden, que andava lançando vários kits de Primeira Guerra, e encomendei alguns deles. O primeiro que resolvi montar foi o elegante Pfalz D.IIIa.

O avião é realmente bonito, mas o kit dá uma dorzinha de cabeça. Acontece que uma das diferenças entre o D.III e o D.IIIa é a localização das metralhadoras. No D.III elas vinham dentro do capô (chamemos assim) do avião. Depois de reclamações dos pilotos, elas foram mudadas para a altura dos olhos do aviador, no D.IIIa. A Roden, para economizar, resolveu dividir a fuselagem em três peças: duas que formam o corpo do avião, que é igual no D.III e no D.IIIa, e o capô vem separado. O problema é alinhar as três peças. Eu não consegui. Apesar de muito putty (a essa altura eu já sabia o que era isso) e lixa, a linha de junção continuou aparente.

Um pouquinho sobre o piloto deste avião, Ltn. Carl Degelow (Jasta 40): Degelow aparece em 30.º lugar na lista dos maiores ases alemães, com 30 vitórias, empatado com outros quatro pilotos. Ele foi o último aviador alemão a receber a Pour Le Mérite, a maior condecoração do Império: sua premiação ocorreu em 9 de novembro de 1918, apenas dois dias antes do Armistício. A insígnia do piloto, um cervo, foi inspirada no Der weisse Hirsch ("o cervo branco"), uma parte de Dresden. Há uma certa controvérsia sobre se o bicho pintado no Pfalz (e, posteriormente, no Fokker D.VII de Degelow) seria branco ou prateado, mas não me prendi muito nisso. Carl Degelow sobreviveu à guerra, foi major da Luftwaffe durante a 2.ª Guerra Mundial e morreu em 1970, com 79 anos.

Outras novidades neste meu kit: pela primeira vez usei nele verniz brilhante. O silvering não sumiu completamente, mas diminuiu bem. Vejam só:







Esse kit foi concluído em novembro de 2001 e sofreu um, hm, "acidente" quando eu o levava para uma convenção no litoral paulista. Uma das estruturas que ligava as duas asas quebrou e não tinha como ser consertada. Aì não teve como salvar o avião, que deve ter sido destruído, sei lá. Mas, antes disso, ele ainda ganhou umas medalhinhas.
Bronze: Catanduva 2002, categoria WWI e Biplanos 1/72
Bronze: Araras 2002, categoria WWI e Biplanos 1/72